Desapegar-se

O apego é um sentimento necessário e comum a todos, mas em excesso torna-se limitante e prejudicial para a nossa saúde mental e física. Apegamo-nos, por exemplo, a pessoas, ideias, objetos, momentos, situações, etc. Embora tudo em nossa vida ocorra em ciclos, os que naturalmente possuem início, meio e fim, nós lutamos bravamente contra o término daquilo que ainda queremos e amamos. Nossos filhos crescem, pais falecem, empregos se perdem, relacionamentos terminam, mudamos de escola, de casa, de país, de amigos, de amores…

Enquanto as mudanças demandam um difícil processo de reestruturação, descobrimento e força, o apego excessivo gera muita dificuldade para essas novas e necessárias adaptações. Ele nos ilude na acomodação, rouba nossa coragem e nos incita à resistência, causando grande sofrimento e desequilíbrio emocional. A mudança, ao invés de ser vista também como algo positivo e criativo, é sentida somente como uma grande perda. Por trás do medo de cada perda, está a indicação daquilo que necessitamos rever em nossas vidas e em nós mesmos. Durante o desenvolvimento e amadurecimento emocional, diversas vezes seremos chamados para enfrentar tais medos, no intuito de mantermos o mínimo de liberdade, autonomia e sanidade.

Para exercitar o desapego, não há “mágica”, nem “receita de bolo”, pois cada um é único; e sente e reage de maneira própria, de acordo com suas vivências. Mas é importante lembrar que não estamos sempre certos: a verdade não nos pertence, sendo sempre possível mudar de ideias e crenças. A convicção no poder de controlar tudo e todos é uma ilusão. Permita-se cuidar somente do que realmente é responsável. Culpar o outro ou a vida por situações difíceis nos impede de compreender que nossa realização pessoal e profissional depende – em grande parte – nós mesmos. É preciso lembrar que não somos somente o que pensamos e sentimos quando o medo se aproxima:, somos muito mais!

O que difere uma mudança de outra é a forma como nós a percebemos. Podemos senti-la como uma oportunidade ou como perda, dor e sofrimento. Os indivíduos de personalidade mais flexíveis sofrem menos, por não oferecerem resistência ao que a vida lhes apresenta. De qualquer forma, as mudanças irão continuar acontecendo. Portanto, para mudar é preciso estar preparado, com coragem, determinação, fé na vida, esperança em nós mesmos e a árdua arte de desapegar-se… largar o controle do que não é mais controlável. Mudanças não são fáceis, mas que sejam bem-vindas!

Celi Helena

Graduada em Psicologia, Especialista em Psicoterapia Junguiana, Psicossomática e Psicogerontologia. Atua na área clínica com psicoterapia, técnicas corporais de relaxamento, orientação vocacional e de carreira, programas pré e pós-aposentadoria. Participa de palestras/workshops sobre envelhecimento e preparo para a aposentadoria. CRP: 06/104040.
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