Processo de Individuação na Crise da Meia Idade

Se no post anterior ficou clara a contribuição de Jung para a Metanóia, fazendo um paralelo com a própria vida do psicanalista, aqui vamos abordar especificamente o processo de Individuação, um dos mecanismos utilizados por psicólogos de orientação junguiana para lidar com a crise do meio da vida. Se você perguntar “o que devo fazer para me individualizar?”, confira o post!

Objetivo da Individuação

Segundo Psicólogo José Alberto Gonçalves dos Santo, “(…) O Processo de Individuação leva o ser humano a entregar-se a uma expressão mais ampla de sua consciência, livre de vontades, livre de diversos condicionamentos. 

O Si Mesmo penetra em sua consciência, podendo vivenciar a experiência com sofrimento ou alegria, dependendo do tipo de vida que o sujeito vivenciou”.

O principal objetivo é a integração psicológica do indivíduo, vital para a conquista do equilíbrio e auto aperfeiçoamento. O caminho a ser percorrido envolve o autoconhecimento.

“O que devo fazer para me individualizar?”

Respondendo à pergunta “o que devo fazer para me individualizar?”, cabe notar que não faz sentido uma vez que esse processo não é consciente. 

O caminho está mais associado ao “permitir”: permitir que o todo interno demonstre o que deseja de si.

A partir do momento em que o indivíduo toma consciência de si, libertando-se de exigências externas, poderá desenvolver todo o potencial presente em seu íntimo. A consequência final será criar a totalidade entre o consciente e inconsciente.

Assim, torna-se claro a ponderação de Jung:

[…] a tarefa da Individuação e do reconhecimento da totalidade e integralidade, que a natureza nos impôs, como obrigatória. Se o indivíduo efetuar isso de maneira consciente e intencional, evitará todas as consequências desagradáveis que decorrem de uma individuação reprimida; isto é, se assumir de livre e espontânea vontade a inteireza, não será obrigado a sentir na carne que ele realiza dentro dele contra sua vontade, ou seja, de forma negativa.[…] (JUNG, 1998, p.66)

Crise da Meia Idade

Estudo de hábitos publicado em 1965 envolveu a análise de 310 artistas famosos, observando que a partir de 30 anos de idade, a produção criativa tendia a diminuir. Alguns entravam em depressão e chegavam até a cometer suicídios (Alberto Gonçalves, 2018)

Apesar de não ser descartado o momento biológico, há o fato de estarmos imersos em uma sociedade adultocêntrica, onde se menospreza quem não produz, posto que o capital faz girar a vida das pessoas.

A partir dos 40 anos, começamos a questionar a forma como é empregado nosso tempo, ciente da finitude da vida e, muitas vezes, já se tendo alcançado a estabilidade pessoal. 

Por outro lado, percebe-se o fim da juventude e a proximidade da velhice, colocando em xeque a auto satisfação. Aumenta-se a ansiedade em relação a si e ao futuro. Tendo-se atendido aos anseios sociais e externos, muitas pessoas não percebem que o vazio a ser preenchido está no seu próprio âmago.

Mudanças físicas, cognitivas e sociais são comuns na meia idade, próprias do amadurecimento.

Porém, existe uma parcela de pessoas que se sentem motivadas a lidar com dificuldades, apresentando um comportamento gerativo.

“Eles souberam extrair o melhor da crise da meia idade”

Algumas pessoas encontram a própria realização ao atravessar a crise do meio da vida. Adotam uma postura de auto aceitação, buscam crescimento pessoal, seja na fase que for.

Apresentam empatia e sociabilidade, acabando por gerar autoconhecimento, fortalecendo o psíquico interno.

A felicidade é uma busca constante, sendo responsável pela produtividade e manutenção da saúde.

Jung, a partir da Psicologia Analítica, percebeu que somente aqueles capazes de organizar seus opostos em seu mundo interior conseguem achar uma solução simbólica, realizando o processo de Individuação (Motta & Paula, 2005).

O processo de Individuação faz a consciência tomar conhecimento de conteúdos inconscientes, levando a mente a desenvolver-se, harmonizando seus opostos.

O processo de Individuação não é um caminho seguro que ofereça garantias, especialmente porque afasta o indivíduo do conforto do quotidiano.

O psicoterapeuta junguiano assume, assim, um papel fundamental vez que seu objetivo é auxiliar para que esse processo ocorra do modo mais natural e saudável possível (Alberto Gonçalves, 2018)

Para mais informações sobre Psicoterapia e Psicologia Analítica, acesse: https://www.celihelenapsicologa.com.br/areas-de-atuacao/

Celi Helena

Graduada em Psicologia, Especialista em Psicoterapia Junguiana, Psicossomática e Psicogerontologia. Atua na área clínica com psicoterapia, técnicas corporais de relaxamento, orientação vocacional e de carreira, programas pré e pós-aposentadoria. Participa de palestras/workshops sobre envelhecimento e preparo para a aposentadoria. CRP: 06/104040.
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